" - Vê se sais dai que me quero sentar!" - refila uma senhora com cerca de 35 anos e mais de 100kg a um miudo de cerca 15 anos de mochila às costas encostado a um dos, alguns, bancos reclináveis do metro do Porto repleto de gente, ao mesmo tempo que o tenta afastar pelo ombro.
" - Se faz favor!" - corrige o míudo.
"- Que faz favor? Sáis daí e agora que me quero sentar ou tás armado em parvalhão??"
Do alto da sua serenidade ( onde estão as hormonas aos pulos tão tipicas desta idade??)o miúdo defende-se:
" - Peço imensa desculpa, não sabia que a senhora não sabia ler assim digo-lhe o que está escrito nestes bancos: nas horas de ponta não utilize estes bancos."
" - Oh pá, 'tás mesmo armado em parvalhão. Eu pago o passe e tenho todo o direito em ir sentada, portanto ou desencostas agora ou levas 2 jabardos."
" - A sr.ª é livre de fazer o que quiser tal como eu em responder ao seu acto."
Neste momento, já um senhor se aproximava discretamente mas o colega que acompanhava o miudo, atenuou a situação: " oh X, não te chateies com pessoas sem educação... até já vamos sair."
O problema é que a mulher já o puxava vigorosamente ao mesmo tempo que descia o assento reclinável e alapava (bonito termo não?) os seus gluteos gigantes. Mas tal como o seu tamanho, a sua boca não fechava e proferia inumeras bestices ao miudo. Entretanto este saiu e ela ainda teve a distinta lata de se virar para o seu "público" e acrescentar: "estes adolescentes de hoje em dia são mesmo uns parvalhões!"
Devo dizer que esta mulher ia acompanhada de uma criança com perto de 6anos que se sentou logo mal entrou no metro, tendo empurrado algumas pessoas para conseguir um lugar... mas sempre se desculpa: é uma criança. Uma criança que assistiu a todo este espectáculo deplorável e com uma idade em que há a percepção do que nos rodeia e sua imitação.
Assim cara senhora, que não deve ler este blog porque é analfabeta: o miudo, apelidado de parvalhão, mostrou ter mais valores, educação e respeito que a sr.ª e é nestes jovens que reside a minha esperança numa sociedade mais justa e menos besta. Com exemplos destes em casa, a sua filha será um dia uma bruxa má e nunca uma princesa.
E foi este espéctaculo que inaugurou o 1º dia de trabalho de 2010. E esta?