Hoje li isto num blog...

"As pessoas já não conversam. Podem estar duas horas numa esplanada sem dizer absolutamente nada. Aliás, podem estar na esplanada não conversar e já em casa no chat ter assunto para meter em dia. Detesto. Detesto cada vez mais. As pessoas deixaram de conviver e estão parvas. A unica forma de colocar as pessoas a emitir sons é dar-lhe alcool. É vê-los a tentar."

... e não posso deixar de concordar. Não percebo a dificuldade que as pessoas têm em conversar com alguém à sua frente e mal chegam a casa ligam-se aos Facebook, hi5, msn entre outros e os assuntos surgem sem qualquer STOP. Será que o trono onde se sentam lhes confere uma confiança extraordinária que fica abandonada sempre que tem gente ao redor? Ou será que hoje em dia, as pessoas têm receio de dizer o que pensam frente-a-frente porque receiam as contra-respostas, visto não puder solucionar uma má frase com um LOL ou qualquer smile que indique uma mera brincadeira e que não era nada verdade o que tinha escrito?

Como ainda partilhei ontem, cada vez entendo menos o ser humano... hoje em dia foge-se de tudo o que muitos, há poucas decadas atrás, lutaram para obter: a liberdade no seu discurso, puder sair à noite, conversar, namorar e outras coisas mais que assentam numa simples mas vital palavra: RELAÇÔES.

E se uns defendem que cada vez estamos mais perto uns dos outros, creio que a distância em km apesar de diminuta cada vez mais pouco camufla a distância emocional que se vive actualmente. Há pessoas que são encontradas mortas, em casa após anos e anos, sem que alguém reclamasse a sua presença. Há cadeiras com gente vazias de afecto. Existem macas de pessoas doentes ou feridas, que aguardam eternamente por um bom dia sorridente e o calor de uma caricia. Há ainda outra realidade (com que me deparei anos atrás e me chocou de tal forma que abandonei o estágio e exigi mudar de sector): crianças, simples anjos, que lutam a cada segundo pela cura do seu cancro e revelam uma força extraordinária, mas são abandonados pelos seus pais, desculpem, progenitores. E eu continuo sem perceber.

Como pode ser mais fácil sermos um pseudo-heroi atras do monitor e em carne-e-osso sermos o mais calado dos animais? Como se constroem pontes sem diàlogo? Como se criam fortes pedras angulares familiares, se não se conversa? Como não haverão mais divórcios se as pessoas mal se olham?

Ainda no Sábado, num encontro de gente amiga reparei que um deles estava constantemente agarrado ao telemovel e independentemente da pertinência dos motivos, não achei qualquer piada. Mas isso sou eu, aquela pessoa que quando está com gente, esquece até que tem telemovel; que quando vai de férias abomina meios de comunicação desde a TV ao telemovel e apenas envia sms de 2 em 2 dias p/pais. Há quem possa estar a ficar escandalizado...lamento. Melhor, não lamento nada. Acredito que nesta vida o mundo são 2 dias e é ridiculo passa-los a esconder-mo-nos dos outros com artefactos tecnológicos. Acredito que para melhor qualquer país, há que mudar as suas gentes...torná-las mais humanas e afectuosas, solidárias e presentes poderia ser um bom inicio não?

Giro!